quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Morrer antes de morrer











É hora de morrer antes de morrer,
morrer para esta existência limitada,
controlada pela ideia de que existo separado de ti.

É hora de morrer para a dor de que não sou suficiente,
assim como sou,
sempre em busca por algo mais,
mas que nunca é suficiente.

É hora de morrer para o medo,
que me deturpa os sentidos,
que me faz crer que sou o que não sou,
deixando de ser aquilo que sou,
com medo de que aquilo que sou seja tão mais brilhante,
tão mais intenso,
que seria insuportável para o medo existir,
para os limites me conter.

É hora de morrer essa ideia de fim,
de que tudo acaba,
confinado pelas tábuas de madeira,
ou pelas chamas do existir.

É hora de morrer para a morte,
por forma a que a vida,
possa ser vivida em pleno,
como ela merece ser vivida.



sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Desistir


Chega um momento em que a única alternativa é desistir,
e no entanto quando se dá esse momento aquilo que acontece é liberdade.
Deixas cair todas as máscaras,
que criavam a ilusão de seres alguém que não és.
E todas as barreiras caem
e as ligações ao todo tornam-se evidentes,
tornam-se reais para tu as viveres.
Reparas que és muito mais que apenas esse corpo que carregas de um lugar para o outro,
sim, és tu que carregas o teu corpo e não o teu corpo que te carrega a ti.
Quando desistes da ideia desse corpo,
encontras a união com todos os outros corpos,
todos em conjunto são ideias que pululam no teu Ser.
Todas as manifestações do Ser,
dançam em conjunto nesse lugar de perfeição,
a que alguns chamam de,
vida.
A vida vivida em ti, em cada momento,
todos esses momentos são apenas na verdade um só,
agora.
Sim, chega um momento em que desistes de ti por forma a te encontrares.




sábado, 18 de agosto de 2012

Desfazer a linha




Quando deixei partir os limites que julgava ter,
despertei para a minha essência.
Percebi que tudo existe em mim,
a vida sou eu,
e tudo que pensava que sabia,
na verdade,
nada sabia.
O bom é que aceitando que nada sei,
permitiu-me a liberdade para Ser.
Quem tudo sabe sente-se limitado,
não tem mais para onde ir.
Nada sabendo,
aquilo que é revelou-se-me.
Não sei, é grito de liberdade,
de desapego do ego.
É uma escolha para deixar cair,
os medos,
os desejos de possuir mais.
O ego é uma linha que te mantém no mesmo lugar,
é uma ideia que te faz acreditar em ilusões.
Que te diz aquilo que é a verdade, aquilo que deves saber.
Não sei,
desfaz essa linha, dissipa as ilusões.



quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Caminhante



Enquanto caminho vou-me perdendo,
já não sei se caminho, se sou o próprio caminho.

Onde acaba um e começa o outro deixou de ser evidente.
Por isso continuo a caminhar e deixo de me interrogar.

A sensação dos limites quebrados, 
que deixam de balizar o eu.

E no entanto quando achava que ficaria perdido,
se não fosse eu,
aconteceu o contrário.

O eu que julgava ser é uma pequeníssima ideia daquilo que sou.
Pelas brumas do ser vou soltando ideias de mim.

Agora, enquanto caminho também sou o próprio caminho.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Deixar partir



Deixar partir aquilo que nunca tive,
tudo aqui me foi emprestado.
Na arrogância do ser, julguei que podia acumular,
coisas, bens, lugares, memórias, pessoas.
Como estava enganado,
na verdade eram elas que me possuíam a mim.
Pois  acreditava que elas me definiam,
que davam em sentido ao meu ser.
E no entanto,
tudo isso era uma ilusão.
Nada possuo, nada é meu.
Deixar partir essa ideia que somos um nome,
um corpo, uma mente,
e toda a sua envolvência.
Deixar partir, e
aquilo que fica,
é tudo,
é nada,
não tem definição.
Apenas a sensação,apenas o experienciar.
Deixei partir e sou livre.

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Compreender














Nessa busca constante,
por saber,
por entender,
por compreender,
vou-me perdendo de quem sou.
Pois quanto mais julgo saber quem sou,
menos sou,
quem de verdade sou,
esse que procura é uma ilusão de mim,
em cada recanto do existir,
eu estou,
eu sou.
A minha existência tudo alberga,
tudo abarca, e
no entanto,
nada sou.
As palavras que são conhecidas,
não podem descrever a plenitude do meu ser,
do meu, não,
apenas, do ser.
Os limites são inexistentes,
a intemporalidade é constante.
Qual navegante pelas ondas do pensamento,
vago existir da mente,
consubstanciada pelo ego.
E no entanto não preciso,
compreender,
porque aquele que compreende,
limita.
Deixo partir essa necessidade,
e limito-me a Ser.
E não é que o ar se torna mais leve,
as cores mais vivas,
os sabores mais intensos,
este banho de emoções,
perpassam o existir,
eu sou,
simplesmente,
Sou.

terça-feira, 24 de abril de 2012

Dor



Crer em algo que me defina,
limitar o meu existir.
Deixar-me afundar nas sensações,
que me envolvem.
que me rasgam por dentro.

Continuo a caminhar,
não posso parar,
sigo sem destino,
em desalinho,
desconectado do Ser.

É difícil compreender,
esta dor do existir,
os limites que me agrilhoam,
não contém as convulsões,
as duvidas continuam.

Dói...
ahhh... como dói.

E no entanto é tudo uma ilusão.
Aquele não sou eu.
Aquela dor não é minha,
é apenas imaginação.
Mas onde estou afinal.

E no entanto dói,
esta dor é uma constante.
Serve como sinal do existir,
pois se dói,
existo.

Deixo que doa,
limito-me a sentir,
que me consuma a dor,
não importa.
Eu continuarei aqui,
esperando que ela se vá,
pois ela irá,
e eu cá estarei a ver-la partir.