sexta-feira, 28 de junho de 2013

A estória do meu fracasso

Quando olho para aquilo que sou aos olhos da sociedade voraz 
apenas posso concluir que sou um fracasso, 
falhei os objetivos que era suposto ter alcançado,
uma vida de segurança económica,
familiar e social, ser mais um na engrenagem.
Caminhar sonâmbulo, ligado ao piloto automático,
nessa correnteza de pessoas, qual rebanho caminhando em círculos,
fazendo o que é suposto fazer, sem procurar entender,
sem procurar conhecer a verdade em mim,
a verdade em fim,
do que sou, interrogar a estória criada,
a estória assimilada e tão bem representada.
Como seria mais fácil adormecer ao ritmo.
desse vaguear sonâmbulo,
aceitar apenas o meu papel,
sem levantar questões.
Confesso que não consegui,
nunca representei muito bem o meu papel.
As duvidas que assomavam na minha mente,
geraram inquietação,
me fizeram demover do pedestal da imobilidade humana.
Não consegui ser mais um, ser guiado pelo rebanho,
estou deslocado, perdido na minha mente.
Procuro a saída, e todas as portas se fecham,
preciso respirar,
de ar para viver,
ou então adormecer e mergulhar nesse sonho desfeito,
para me encontrar.
A estória do meu fracasso, é isso mesmo uma estória,
deixei de acreditar nela,
e espero que a verdade se revele,
entrego-me a este momento,
seja ele o que for. 

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Deixar de sofrer

A condição humana exige sofrimento,
sem sofrimento de facto a realidade humana não existiria
no entanto aquele que sofre, não existe
ele não é real,
é tudo uma estória, um encadeado de ilusões
que vamos somando, acreditando que isso é viver.
O sofrimento é um pensamento que se faz sentir na tua pele,
no dealbar do teu coração,
nos recantos da memória ele se alimenta.
Deixa que ele morra à fome, não lhe dês alimento
cedendo-lhe a tua atenção, trazendo-o para o teu peito.
Alegre aquele calor do teu regaço,
deixa-te envolver e nenhum sofrimento resiste a tal amor,
contido nos teus braços, refletindo a tua alma.
Doce sensação de viver
planando neste momento presente ao encontro do Ser
onde a verdade suprema se faz notar, se faz sentir,
num devir de felicidade.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

No final do meu mundo

A verdadeira liberdade vem quando estou presente,     
apenas  no agora, posso ser livre 
sendo livre para aceitar tudo aquilo que me é dado pela vida 
a vida cuida de mim, 
eu escolho deixar que ela cuide de mim, 
não que ela precise da minha permissão 
mas assim sou mais livre. 
Por vezes verei as coisas como más, 
mas sou eu que as faz más, por si só 
elas não são nem boas, nem más, 
apenas são o que são. 
Sendo livre posso deixar de colocar nomes 
em tudo o que acontece 
e permitir abandonar-me 
ao que acontece em cada momento.
Estou presente em cada acontecimento, 
sendo essa presença invisível aos olhos
desta ideia de humano, e no entanto
sempre presente
antes do tempo ocorrer
e muito para lá to tempo se esgotar.
Sou aquilo que permanece
que nunca nasceu
e como tal nunca perecerá.
No final do meu mundo
desperto na verdade em mim
presente em pleno,
sendo como sou.

     

terça-feira, 4 de junho de 2013

Iguais mirando-se no espelho.

Toda a vida é uma ilusão,
mas na verdade, aquilo que é a ilusão é a ideia de vida,
ideia de alguém vivendo uma vida.
A vida é como é,
não há ninguém vivendo a vida,
esse alguém que se julga vivendo a vida,
é apenas uma estória, uma ideia limitada.
A presença que é anterior a todas as ideias,
a todas as estórias, é que é una com a vida.
Essa presença é a vida e ela encontra-se a si mesma,
nas suas diferentes manifestações.
A vida vive-se a si própria,
não precisa de testemunhas que validem a sua existência.
A vida é genuína como o sorriso de uma criança.
Ela perde-se no seus caminhos,
quando se procura conhecer,
pois todos os caminhos são o seu Ser.
O bom e o mau,
na vida se conhecem,
como iguais mirando-se no espelho.