quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Agradecer ao sofrimento

O sofrimento é um sinal para despertar,
ele mostra-te como tens ignorado quem és de verdade,
no sofrimento reparas que aquele que sofre não é real,
não existe um sofredor, apenas o sofrimento por si só.
O sofrimento aflora no corpo,
projetado pela mente, esse puro espaço de presença silenciosa,
que se vivencia em cada pormenor de vida.
O sofrimento mostra que não há uma parte separada,
apenas uma ideia de separação,
uma coleção de ilusões que interagem entre si,
esperando que cada uma valide a realidade da outra.
Podemos agradecer ao sofrimento pelo despertar deste torpor
dialogante entre o real e o imaginário, 
que nos faz crer como sendo algo que não somos.
E no entanto tudo está bem, tudo comunica
seja pelos caminhos da dor ou do prazer,
tudo é experiência,
tudo é contraste que dá vida ao verdadeiro,
que revela a essência tida como perdida.
Resta-nos agradecer ao sofrimento pelo seu valoroso contributo,
no dealbar da virtude do Ser,
na simplicidade da sua perfeição.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Plenamente essência

Pura presença é essa testemunha silenciosa,
é esse espaço ilimitado onde as ideias sobre o que somos se manifestam
se revelam, se iludem sobre o que são.
Ideias essas que se metamorfoseiam em estórias,
que chamamos de vida.
Uma amalgama de hábitos que se grudam aos momentos,
que surgem dispersos nesse espaço de amor e alegria.
Até ao momento em que despertamos,
vamos acreditando que essa ilusão é a verdade,
que essa ilusão dita quem somos,
e enquanto estamos adormecidos, 
vemos passar os diferentes papeis que assumimos,
somos o sofredor, somos o amante, somos o delirante,
somos o trabalho, somos o parente, somos o humano,
num sem fim de papeis que se misturam, 
que acabam e começam em cada momento.
E no entanto essa pura presença, continua sendo como é,
sempre presente, mesmo que ausente da consciência que nela se manifesta.
Sendo pura, sendo plena,
ela é perfeita e continua alheia as ilusões criadas,
imaginadas no seio da separação,
que nunca aconteceu, e
nessa ideia se criaram reinos de indiferença,
onde os ausentes da essência julgam existir.
Pura presença que é anterior a qualquer ideia,
a qualquer ideia de ideia, 
sendo apenas como é
plenamente essência.