“Choro
para libertar as minhas emoções, não podem ser contidas dentro de mim. O choro
lava os sentidos e torna-os livres para o mundo. Sei que dizem que um homem não
chora. Se isso é verdade, então não sou um homem. Nem quero ser. Pois Ser algum
pode ser impedido de sentir, de expressar as suas emoções. Percebes o que te
digo.” “ Sim percebo-te e amo-te mais por isso. És muito homem e fazes de mim
uma mulher feliz por estar ao teu lado. Por ver que não tens medo de te mostrares
sem defesas. Só os fortes o fazem.”
sexta-feira, 28 de agosto de 2015
#17 Fica comigo
“O
tempo foi criado para que eu possa cuidar de ti como mereces. Para que eu possa
amar cada pedaço teu, visível e invisível. Tu és o sentido da minha vida, foi
para isto que nasci, para te conhecer e poder amar. Acordar ao teu lado só é
igualado pelo adormecer ao teu lado. Sinto cada palavra que te digo e se achas
que exagero, digo-te que são pequenas para descreverem de verdade o que sinto. A
eternidade é insuficiente para te amar plenamente, tu és o universo no qual
gravito. Quero-me perder nos confins do teu existir. Fica comigo”
#16 Olho para ti
“Quando
olho para ti o tempo para. Mergulho nos teus olhos e deixo-me ir, leve e feliz.
Sou grato à vida por me ter dado o privilégio de te conhecer e ser
correspondido por ti. Posso morrer a qualquer momento, pois nada me pode tirar
o que me deste. As memórias foram criadas para celebrar o amor que sinto por
ti. Todos os momentos são pequenos para conter o que sinto por ti. Todos os
poetas do mundo seriam insuficientes para descrever a tua beleza, que é muito
mais que apenas física, ela é química, e todos os outros elementos. ”
quinta-feira, 27 de agosto de 2015
#15 Umbigo
“Tu
mudaste, não eras assim. Eras mais carinhoso, preocupavas-te comigo, agora nem
sequer olhas para mim.” Ele respondeu-lhe “fui eu que mudei ou foste tu que
mudaste? Se saíres do teu umbigo poderás ver de verdade as coisas como são.
Deixa de viver no teu mundo de fantasia e desce à Terra. A vida não é como tu
desejas que ela seja.” O silêncio tomou de assalto a sala. Mas os pensamentos fervilhavam
na cabeça dela, ‘como ele é capaz de me culpar, eu que tudo fiz por ele. É um
ingrato, eu fiz dele o homem que é hoje.’
#14 Sem perdão
Começar
de novo é sempre difícil, mas é ainda mais difícil quando se vive agarrado ao
passado. Quando os rancores são muitos e constituem uma bagagem pesada que se
carrega onde quer que se vá. O peso desse passado esmaga o presente, pois a
atenção está sempre centrada no que fizeram, no que poderia ter sido diferente,
mas não foi. Ela vivia os dias culpando-o por lhe ter roubado o amor, por lhe
ter roubado a vida. Ele era tudo para ela e no entanto escolheu outra, depois
de lhe ter levado os seus melhores anos. Ela não lhe perdoava.
#13 Amor doloroso
Ele
dizia “perdoa-me, não estava em mim. Sabes como te amo, prometo que isso não se
vai repetir”. Ela acabava por perdoar, por querer acreditar que tal não
voltaria a acontecer, até porque ele só fazia isso porque a amava, se ela lhe
fosse indiferente ele não lhe batia. Foi criada a acreditar que o amor é
doloroso, que por vezes trata-nos mal porque nos quer bem. E no entanto voltava
a acontecer e ela ia ficando, não sabia o que fazer, não conhecia mais nada,
ele era a sua vida, já fazia parte da sua identidade. Descansa em paz.
#12 Diz basta
Chega
um momento em que é tarde de mais, sabes que tens de agir, que tens de fazer
algo, pois não suportas mais, não podes tolerar mais ser espezinhada, ser
destratada, como se de um farrapo se tratasse. Tão ou mais que a violência
física, é a violência psicológica continuada, que mais te desgasta. Quanto mais
o permites, mais longe de ti estás, deixas de ser uma pessoa, passas a ser um
mero adereço que serve para ser jogado ao seu bel-prazer e tu começas a
acreditar que mereces isso, que fizeste algo de errado. É hora de dizer basta.
terça-feira, 25 de agosto de 2015
#11 Folha em branco
Se
a vida fossem só palavras ele seria o maior dos poetas, mas quando tocava a
lidar com as pessoas, aí as coisas tendiam a complicar-se para ele. Como que
perdia o jeito, não sabia como se comportar, onde colocar os braços, que
postura ter, o que dizer. Seria tão mais fácil se tudo fosse uma folha em
branco onde pudesse bailar a caneta distribuindo a tinta por forma a comunicar
os desejos, as emoções, os pensamentos secretos. Esse era o seu espaço natural
para se expressar. Mas a vida tinha outros planos, ele é a sua folha em branco.
#10 Escolho acreditar
“Prometo
honrar o nosso amor” disse-lhe ele, “cuidando de ti e da nossa relação. Não me
deixes cair no esquecimento e abandonado à tentação alheia.” “Quero muito
acreditar nas tuas palavras, elas são música para os meus ouvidos, mas já sofri
tanto por amor. Não sei se aguentaria mais uma desilusão.” Respondeu-lhe ela. “
Ao teu lado sinto-me completo, sei que sou melhor pessoa. Aconteça o que
acontecer, nada poderá mudar isso. Quero cavar as rugas da memória de uma vida
cheia ao teu lado.” Retribuiu ele. “Sei que és sincero quando dizes isso, sinto
que sim. Escolho acreditar” disse ela.
sexta-feira, 21 de agosto de 2015
#9 Caminhos
O
céu está azul, uma imensidão de azul e nada mais. Um vento suave faz-se audível
e sentir na pele. Pessoas caminhando, cada uma na sua direção, evitando chocar
umas com as outras, num bailado consentido e não ensaiado. Um movimento
incessante, uma pressa de chegar a qualquer lado, menos este aqui. E no entanto
é aqui que tudo se encontra, mas como estamos a pensar noutro lugar qualquer,
deixamos de reparar no aqui. Neste lugar o observador tudo vê, tudo sabe. O
silêncio aqui tudo permite, tudo abraça. Não importa por onde vás, todos os
caminhos levam até ele.
quinta-feira, 20 de agosto de 2015
#8 Amo isso
“Quero
que a vida congele neste momento, estando ao teu lado, tudo é perfeito, nada
mais necessito”. Assim pensava ele naquele momento e no entanto acabou, a
relação que tinham terminou. O amor é eterno enquanto dura. O segredo está em
desfrutar ao máximo de cada momento com desapego. Sabendo que o verdadeiro amor
não acaba nunca, ela reside em nós. Cada ser humano é puro amor, ainda que a maior
parte não saiba isso, e como tal procura fora de si uma ideia de amor que virá
sob a forma de outro ser humano. Que assim seja, amo isso.
#7 Serena
Percorrendo
o seu rosto com o olhar, as linhas da vida marcando o seu lugar, completando
uma serena beleza de quem está bem consigo mesma. Ela gosta de si como é. Aprendeu
a amar aquilo que antes considerava como defeito, aquilo que antes lhe a
impedia de viver plenamente, sempre pensando no que os outros diriam dela, do
modo como a veriam. Até que descobriu que nunca teve a ver com os outros, mas
apenas consigo mesma. Eram os seus julgamentos que a atormentavam, era a sua
insatisfação consigo que via projetado nas outras pessoas. No silêncio do Ser
reencontrou-se.
terça-feira, 18 de agosto de 2015
#6 Sozinha
Cansada
de procurar, cansada de viver como alguém insignificante, alguém invisível que
ninguém parecia reparar. Não fazia falta nenhuma. Que razão tinha para viver. A
sua falta não seria notada. Só queria um laivo de atenção, um gesto de amor.
Desistiu de tentar. Os dias sucediam-se uns aos outros, sempre iguais. Esqueceu
do que procurava. Entregou-se ao silêncio, deixou que este a preenche-se. E o
vazio acabou, afinal nunca este vazio. O silêncio sempre esteve lá, segurando a
sua mão, apenas o ruído interior a impedia de o sentir. Aquilo que procurava,
afinal era ela própria. Nunca mais esteve sozinha.
#5 Busca
Ela
só queria alguém que a ama-se, alguém que olha-se para ela com atenção e no
entanto esse alguém parecia não existir. Olhava para as outras mulheres ao seu
redor e via todas com os seus respetivos companheiros e uma tristeza inundava-a.
Dúvidas e mais dúvidas emergiam na sua mente. O que teria de errado? Seria
assim tão feia que ninguém a quisesse? Seria assim tão má pessoa que não
merecia ter alguém a seu lado? Apenas amor, era o que ela queria, nada mais.
Seria pedir muito? Onde quer que fosse estava sempre atenta a ver se o encontrava.
#4 O silêncio sabe
O
silêncio revela a verdade e todas as máscaras se desvanecem perante ele. O
silêncio é puro e está para lá de qualquer limitação, de qualquer ilusão. O
silêncio é anterior àquilo que chamas de vida e continua a existir para lá do
fim dessa mesma vida. Nele todas as estórias tem cabimento, nada é excluído,
mesmo isso que chamas de vida. Essa ideia de algo que tem início e que vai em
crescendo de rotina em rotina, até que termina. Onde cabes tu nessa estória.
Será só isso a razão do teu existir? Quem és tu? O silêncio sabe.
terça-feira, 11 de agosto de 2015
#3 Algo mais
Sentar,
fechar os olhos e meditar. Era o que ela queria fazer, era o que lhe diziam ser
o melhor para si, uma forma de resolver os seus problemas e andar mais calma.
Mas ela não queria andar mais calma, ela queria resolver a sua situação. Queria
dar um rumo à sua vida. Queria que esta tivesse significado. Estava farta de
ser apenas mais uma peça da engrenagem, fazendo o que era suposto fazer, o que
os outros diziam que era suposto fazer. No entanto onde cabia ela, onde estava
a razão do seu existir. Teria de haver algo mais.
terça-feira, 4 de agosto de 2015
#2 Vozes
“Não
vales nada, não mereces o ar que respiras. Sem ti o mundo seria melhor.” Impropérios
ecoando na sua mente, sem fim, um incessante massacre. Ela queria parar as
vozes, elas não lhe pertenciam. Mas tudo era difícil, não sabia como lidar com
tais vozes. Seriam elas reais ou apenas fruto da sua imaginação? Estaria ela a
ficar louca? Queria refugiar-se, queria encontrar um pouco de paz, mas não
tinha como escapar de si própria. Por onde fosse teria de carregar o peso
dessas vozes. Sem saber o que fazer desistiu. Deixou de lhes resistir,
observava apenas e depois o silêncio.
segunda-feira, 3 de agosto de 2015
#1 Cem estórias,cem palavras
#1
Sem palavras, sem estórias,
apenas a vida é real e não aquilo que pensas que é a tua vida. Livrando-te das
estórias que crês sobre ti e que alimentas através da tua atenção, descobres o
quão perfeita é a vida que acontece momento a momento. Tu és essa vida, em
plenitude, tudo existe em ti, nesse imenso espaço, berço das manifestações da
essência. Calcorreando as palavras que brotam na tua atenção, observando como
surgem e de igual modo, partem. Indo mais além, nada mais existe, senão o
silêncio. Silêncio perene envolvido em paz. Residência da essência que és, sem
mais.
* primeira de cem estórias com cem palavras
* primeira de cem estórias com cem palavras
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