" A Sara tem dois grandes caminhos que pode seguir neste momento e seja qual for a sua escolha é a certa para este momento, pois será a opção que toma. Um caminho é continuar nessa busca por se encontrar, nessa busca por saber mais, adquirir mais conhecimentos, mais experiências. E terá sempre coisas novas para aprender, para experimentar. Esse caminho representa escolher continuar alimentando essa ideia limitada de si, é a escolha do ego, da defesa da personalidade que acredita ser. O outro caminho que tem neste momento como possibilidade é deixar partir essa ideia de limitação e escolher experienciar quem é de verdade, quem é em essência. Sabendo que essa escolha representa algo que já existe em si neste momento, que já o é agora. Não é algo que tenha de esperar por qualquer evento que tenha de acontecer ou que tenha de fazer. Mas sim é aquilo que é em essência agora. E se me perguntar quais as consequências de escolher um caminho ou outro. Eu lhe direi que verdadeiramente nada muda, aquilo que muda é a sua relação com esta experiência humana, é a sua relação consigo mesma. Deixe que surja em si naturalmente a escolha do caminho que irá tomar. Permita-se ouvir a sua intuição, o seu coração e a resposta surgirá."
Fechando os olhos e concentrando-se na sua respiração, a Sara mergulhava dentro de si, procurando sentir, procurando que ganhasse vida a resposta certa para si neste momento. E por momentos que pareceram eternos, o silêncio imperou naquela sala apenas o pulsar de dois seres frente um ao outro tinha lugar.
O silêncio findou pela palavra da Sara, "parte de mim quer fazer a escolha certa, sendo que de igual modo um medo se faz sentir vivamente mostrando-se presente, dizendo que só saberei quem sou continuando a busca e não desistindo de mim. Quer me fazer crer que a minha personalidade é quem sou de verdade e que a devo proteger, pois de outro modo será o meu fim, será a minha morte. E no entanto deixando esse medo repousar em mim... senti que havia algo mais para lá desse medo... algo que estava ciente desse medo. Quando isso ocorreu uma sensação de paz arrebatou a minha atenção e naturalmente a ideia de que caminho escolher se apresentou e com uma certeza que medo algum poderá contestar. E essa escolha diz-me que é a hora de me conhecer de verdade, que é agora que essa escolha é feita. Escolho deixar partir todas as limitações, quebrar todas as barreiras construídas em torno da defesa de uma ideia ilusória de mim. Será isso a morte? Será isso o fim de algo e o início de outra coisa qualquer? Não sei, mas sei que o que quer que seja, eu estou preparada para o fazer ou permitir que aconteça. Sim , sem dúvida é essa a minha escolha."
"De verdade a escolha fez-se por si mesma. A escolha surge, mas não há uma pessoa que escolhe. É isso que irá realizar por si mesma ao "escolher" esse caminho. Como lhe perguntei anteriormente consegue-me apontar onde está a Sara? Consegue-me mostrar a Sara? Não responda de imediato deixe que a pergunta se faça sentir em si e veja o que surge. Torne ciente as sensações que surgem, os pensamentos que se apresentam"
"Surgem imensos pensamentos, que dizem que é isto aqui- apontando para o corpo- que sou, que é a Sara. Pensamentos que me dizem que tenho 32 anos, que vivo na Maia, que me lembram quem são os meus pais. E quando procuro ir além do que isso aquilo que surge é apenas uma sensação de desconforto."
"Observe apenas esses pensamentos, não resista aos pensamentos, deixe que fluam. Tal como as sensações que surgem no corpo, permita-se observar. Sem julgar, sem tentar classificar de imediato, sem colocar uma etiqueta dizendo é isto ou aquilo. Apenas esteja presente."
" Surgem mais pensamentos e que me dizem que nada disto faz sentido, que devo por um fim a esta palhaçada e ir embora. Outros surgem e dizem que é o medo a falar, que nada disto é real, que isto não é o fim de nada. E por momentos quando me identifico com esses pensamentos todos o que resulta é confusão. Um emaranhado. Sinto como que um novelo na minha mente. Será isto a loucura?"
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