quinta-feira, 14 de novembro de 2013

#28 Reflexo

"Então Sara conta-me tudo sobre as tuas sessões com o Ricardo, estás contente ou desiludida?"
"Tem sido muito importantes para mim, tem surtido um efeito em mim que nem sei quantificar direito. Se me perguntares o que mudou desde que o conheci, eu direi que tudo continua igual e no entanto tudo mudou. Parece paradoxal o que te digo, ou mesmo que estou um pouco louca, que digo não digo coisa com coisa, mas o que é facto, é que é real para mim."
" Então o que te leva a pensar assim, que mudanças são essas que sentes que ocorreram e que, pelo que me dizes, não são visíveis, mas estão ai."
"Sabes aquela sensação que tens quando algo acontece porque estava destinado a acontecer e que não podia ser de outro modo... aquela sensação que tudo está bem, que sempre esteve bem... ainda que não saibas dizer porque. É essa a sensação que tenho e que se tem vindo a reforçar, desde que o conheci pessoalmente. Como te tinha dito, já lia as coisas que ele escrevia, mas conhecê-lo pessoalmente exponenciou os efeitos daquilo que ele diz e escreve. Como que tivesse despertado algo em mim que estava dormente, mas que sempre esteve aqui, dentro de mim, sempre fez parte daquilo que sou. A verdadeira diferença está em saber de verdade quem sou e que estou a descobrir, ou se quiseres, a relembrar que aquilo que sou é deveras diverso daquilo que julgava ser."
" A sinceridade com que ditas as tuas palavras e sobretudo a emoção que perpassa delas, deixam-me siderada. Nunca pensei que ele pudesse ter tal impacto em ti. No entanto confesso-te que isso me traz algum alívio, pois eu própria tenho sentido que o workshop dele, onde nos conhecemos, teve um impacto inesperado em mim. Como te disse na altura eu sou bastante cética, mas as evidências que se assomam vão quebrando esse ceticismo. Tenho refletido bastante naquilo que ouvi no workshop e de facto deixou de fazer sentido uma existência que se limita ao deixar andar, ao fazer porque é suposto ser assim. Se viemos até este mundo foi por algo mais do que apenas subsistir, tem que haver uma razão maior para tudo isto. De outro modo não faz sentido. E eu decidi que quero descobrir qual o sentido da minha vida, qual o meu propósito."
"Vejo que não foi só o meu mundo que mudou, o teu também foi bastante abalado. Sim senhora, para uma cética, não está mal. Por um lado até será mais fácil causar esse impacto em alguém que seja cético, como tu, do que em alguém, como eu, que já vinha numa busca pelo conhecimento, pelo descobrir da verdade. A conclusão a que chego é que quanto mais pensamos que sabemos na verdade menos sabemos, e só criamos confusão na nossa mente. A quantidade de teorias e práticas que vamos encontrando e que se contradizem umas às outras, criam mais ruído que esclarecimento. Mas a minha intuição diz-me que agora estou no caminho certo, para desfazer todas as dúvidas e permitir que finalmente se faça luz na minha vida."
"Estamos as duas de parabéns por finalmente estarmos no caminho certo, ou pelo menos, julgámos que sim. Veremos onde tudo isto nos vai levar. Já ganhamos no mínimo uma bela amizade."
Terminaram o seu lanche envoltas numa serenidade condizente com o por do sol que vislumbravam. Despedindo-se de seguida, não sem antes combinarem se encontrarem de novo na semana seguinte para trocarem impressões sobre as vivências ocorridas entretanto.

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