A realidade em que cada um de nós vive é completa por si só dentro daquilo que cada um de nós perceciona como sendo quem é. Ou seja os limites que acreditamos ter condicionam aquilo que temos como a nossa realidade. E existem tantas realidade quanto o número de pessoas que vivem. No entanto nenhuma dessas realidades existe por si só, todas elas se interrelacionam, mas nenhuma delas condiciona o que quer que seja a essência. A realidade absoluta. Pois esta é imutável, ela é perfeita e inclusiva. Nada é excluído, tudo é vida a ser vivida de múltiplas formas, em diferentes manifestações do mesmo todo.
As estórias que temos como individuais, como sendo apenas nossas, são perfeitas por si só. Mesmo com todas as suas imperfeições, pois são estas imperfeições que permitem a tomada de consciência da essência de si mesma. A essência torna-se ciente de si mesma através do somatório de todas estas estórias de condicionamento. E nas suas diversas formas e feitios. Não apenas os humanos como todas as diferentes formas de vida que existem ao longo de toda a existência.
A vida é perfeita e simples sendo como é. Cada ser humano é vida a ser vivida por si própria, num equilíbrio perfeito de eventos sucedendo-se uns aos outros e que permitem nessa sequência atribuir um significado ao todo. Por vezes aquilo que ocorre na nossa vida em determinado momento não faz muito sentido e isso acontece porque não possuímos a visão do todo. Se o pudéssemos fazer veríamos que nada acontece por acaso e que tudo acontece como tem de acontecer e no momento certo para acontecer.
A Daniela é uma dessas estórias de encontro com a essência em face consigo mesma. Todos os eventos da sua vida trouxeram-na até ao lugar onde se encontra neste momento, até este nível de consciência.
É precisamente este encontro consigo mesma que ela se vê forçada a fazer pela sucessão de acontecimentos que tem ocorrido na sua vida.
O medo de perder o controle da personalidade que tinha como a sua é precisamente a razão porque não tem vivido plenamente a vida que é. Pois esse medo que a levou a fazer sempre as opções que achava que a permitiam controlar o seu destino. Esse medo é quem na verdade a controlava. Na procura de manter o controle, ela acabou por o delegar ao medo de o poder.O poder sobre ela e a sua realidade.
Era a essa conclusão que as circunstâncias da sua vida a tinham trazido neste momento. Porque era agora que ela estava preparada para começar a conhecer, na verdade relembrar, a verdade sobre quem é.
O facto de ter de lidar com a doença da irmã levou a que procurasse saber mais sobre si, sobre a realidade em que estava inserida, ainda que inicialmente tenha encetado uma espécie de fuga para a frente, procurando impregnar-se nas atividades dia-a-dia, como os seus estudos e depois a sua profissão. Mas por mais desvios que se façam, eles existem apenas para preparar as condições para enfrentar a verdade última que temos de enfrentar. E essa verdade somos nós mesmos. Aquilo que somos e que é no fim de contas a vida. Somos vida, simplesmente vida.
Os episódios de descontrolo emocional da irmã da Daniela espelhavam um desencontro com a sua essência, eram uma chamada de atenção para a ilusão de limitação, que é a crença de sermos apenas um corpo e a personalidade que o controla.
Ao aceitar essa chamada de atenção criou espaço para que a verdade da essência se revelasse e as barreiras da limitação caíssem e aquilo que parecia ser o fundamental, revelasse a sua real face. E compreende-se enfim que tudo é muito mais simples do que julgava ser.
Estava agora ela preparada para perceber que nada há para controlar, que essa necessidade de controle é uma mera ilusão.
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