Insanidade
é pensar-se que se é são quando ignoramos quem somos de verdade e acreditamos
ser um mero humano calcorreando os caminhos já por outros percorridos, sem nos
questionarmos porque o fazemos. É mergulhar nas rotinas e fazer sempre o que já
foi feito milhares de vezes e alimentando a insatisfação por não conseguirmos
aquilo que tanto desejávamos. Insano é procurar o amor em todos os lados menos
no único lugar onde ele se encontra de verdade porque para ir a esse lugar teríamos
que mergulhar na essência do que somos, atravessando para lá chegar a escuridão
da personalidade ignorada.
sexta-feira, 6 de novembro de 2015
quarta-feira, 28 de outubro de 2015
#49 Desconforto
Normalmente
ela fugiria de qualquer estranho que se dirigisse a ela e muito mais que lhe
dissesse algo parecido com um sermão como aquele que ouvira. No entanto neste
caso não havia sentido como uma intromissão, como se fosse uma invasão de
alguém estranho tentando falar do que desconhecia. Não sabia como explicar tal
sensação, mas para ela as palavras daquele homem, que nunca havia visto antes,
faziam pleno sentido. De facto evitava ficar só com os seus pensamentos,
evitava mergulhar fundo em si, pois o desconforto que aflorava era de tal
intensidade que temia perder-se e não mais regressar.
#48 Sinal
Toda
essa profundidade negra que evita lidar dentro de si, é um tumulto à espera de
acontecer. Mais cedo ou mais tarde terá de o enfrentar, pois não pode adiar a
sua vida colocando-a em suspensão. Por muito que tente encontrar distrações que
a levem para longe dessa realidade interna, ela estará sempre ai. E tudo começa
por uma simples escolha de se amar, escolha o amor e saberá como lidar com o
que quer que esteja ai dentro e que procura evitar. Digo-lhe isto não porque
saiba o que é o melhor para si, mas apenas como um sinal.
#47 Ame-se
Dirigir
a palavra a outra pessoa estranha ainda era algo desconfortável para ele, mas
neste caso a sua intuição empurrava-o para falar com aquela mulher. Não sabia
porquê, mas tinha que o fazer. Ao chegar junto a ela colocou de lado os seus
pensamentos de timidez e entregou-se ao momento, permitindo que as palavras
encontrassem o seu caminho e fluíssem da sua boca, vindas sabe lá de onde.
Começou por pedir desculpa pela abordagem, continuou dizendo “sei que não me
conhece de lado algum mas a minha intuição induz-me a partilhar consigo que
este é o momento de se amar".
terça-feira, 27 de outubro de 2015
#46 Encontro
O
encontro era inevitável, acredite-se ou não no destino, ele tinha de ocorrer. O
sofrimento dela era visível à distância, era impossível que não o visse. Agora
que estava mais familiarizado com o seu dom de ver os sentimentos, mais em paz
consigo mesmo. Escapar à visão de tal negrume, tal volteio de tonalidades de
negro, era algo que não era opção. Tinha de lhe dirigir a palavra, sem querer
parecer metediço, sentia que era o seu dever falar com aquela mulher que
caminhava na sua direção. Algo o puxava para ela, não conseguia desviar a sua
atenção desse Ser.
#45 Mundo interior
Era
chegada a hora de colocar um fim a essa fuga de si mesma e enfrentar a
realidade do seu sofrimento. Ela não acreditava ser merecedora de felicidade.
Achava que estava destinada a sofrer, não se achava digna de viver o amor.
Tinha que se resignar às vontades dos outros em busca da sua atenção, ainda que
essa atenção fosse desprezo e violência. No entanto achava isso melhor que
nada, melhor que lidar com esse sofrimento que a consumia por dentro e que não
queria enfrentar. Qualquer desconsideração externa era um bálsamo que a
afastava do seu sofrido mundo interior.
#44 Fim inevitável
A
sensação de incompletude era constante, ela sentia que lhe faltava algo que a
completasse. Até então tinha procurado nos seus relacionamentos encontrar esse
algo que acreditava faltar-lhe, no entanto sem sucesso. Os seus relacionamentos
terminavam sem que essa sensação fosse preenchida. Sim durante algum tempo a
ilusão de plenitude fazia-se sentir, inebriada pela ideia de um amor verdadeiro,
que agora sabia que era uma projeção, do seu desejo, na outra pessoa. E quando
a ilusão dissipava o vazio batia com força e ai tomava lugar as diferenças,
onde os defeitos cresciam a olhos vistos até ao fim inevitável.
#43 Aproveitar ao máximo
Os
primeiros tempos foram de difícil adaptação. Estar junto de alguém e conseguir
ver aquilo que sentiam, era inicialmente confuso e causador de distração. Assim
como ter de lidar com esse tagarelar interno que o julgava constantemente,
dizendo que não era normal, que algo de errado se passava e que isso só poderia
ser sinal de que estaria para acontecer algum mal. Mas ele foi enfrentando a
situação recetivo ao que cada momento lhe trazia, procurava não se perder nos
julgamentos e focava-se naquilo que estava a viver. Procurava aproveitar ao
máximo, pois não sabia quanto tempo mais iria durar.
terça-feira, 20 de outubro de 2015
#42 Bailado de cores
A alegria dos outros era muito colorida, um festival
de cores inundava o seu campo visual. A pessoa à sua frente ficava toda
iluminada, irradiava essa alegria em cores vibrantes que se misturavam e entrelaçavam
com quem quer que estivesse perto. Não haviam palavras que pudessem descrever
tal sensação de poder ver como o estado de espírito de alguém pode influenciar
quem está por perto. O modo como todos se conectam de formas invisíveis ao olho
humano comum, mas que agora ele podia testemunhar, em razão do seu dom, desta
sua capacidade de ver as emoções. Um bailado de cores.
#41 Aceitar com amor
Após
o choque da descoberta da capacidade de ver as emoções dos outros e de como
isso lhe surgia nitidamente, sem qualquer esforço da sua parte, sem poder
controlar se via ou não. Após toda a resistência inicial e o achar que estaria
a enlouquecer, que só poderia ser o sinal de um fim próximo. Veio a entrega, o
aceitar daquilo que estava a ocorrer consigo. De nada valia lutar contra as
evidências e então decidiu abraçar tal dom, tal capacidade e desfrutar ao máximo
aquilo que lhe trazia e o quanto lhe poderia ensinar sobre quem era com amor.
#40 Receios
Estar
com uma pessoa e ter a capacidade de ver aquilo que ela está a sentir, e ver
aqui é no sentido literal, pode complicar e muito essa relação. Foi isso que
aconteceu com ele, desde que descobriu esta sua capacidade visual, não
conseguia manter por muito tempo os seus relacionamentos mais íntimos. Primeiro
porque não conseguia explicar essa sua capacidade, não tentava sequer contar à
sua companheira, tal capacidade. Talvez por medo da sua reação, talvez por medo
da exigência que isso traria ao relacionamento. O medo da outra pessoa se achar
invadida, analisada, na sua mais intima privacidade.
terça-feira, 13 de outubro de 2015
#39 Ver as emoções
É estranho
olhar a pessoa à sua frente e ver aquilo que ela está a sentir. Literalmente
ver, aquilo que ela está a sentir. Ver as emoções da outra pessoa, ver como as
sensações se expressam, é algo que altera significativamente a forma como
olhamos para essa pessoa, nada fica igual a partir do momento que se pode ver
aquilo que o outro está a sentir.
Ele gostaria que isso nunca tivesse
acontecido com ele, preferiria não ter essa capacidade. Estava confuso, havia
lutado demasiado contra tais evidências, mas não era possível mais fazer de conta
que nada se passava.
#38 Olhar de frente
Quando
escolhemos ignorar os sinais que a vida nos dá, para calmamente proceder às
mudanças que devemos experimentar, a vida não tem alternativa a não ser ampliar
a potência desses sinais.
E será assim até que não seja mais possível fugir,
até que não seja mais possível olhar para o lado e fingir que nada se passa,
que não é connosco.
Ele não foi exceção, por muito que tentasse fazer de conta
que nada se passava, as evidências eram cada vez maiores. Qual elefante no meio
de uma loja de porcelanas. Era este o momento de a olhar de frente.
#37 Aceitar as mudanças
Pequenos
sinais assomavam na sua vida, mas ele preferia ignorar, não valorizar
demasiado, porque na realidade ele temia imenso o que isso poderia significar.
Não tinha coragem de partilhar com mais ninguém aquilo que se passava consigo,
aquilo que esses pequenos episódios poderiam significar sobre ele próprio.
Temia
que o considerassem louco, como alguém alienado e ele não conseguia suportar a
ideia de ser colocado de lado, de ser catalogado como louco, como demente.
No
entanto a vida não faz julgamentos, ela vai-nos dando pequenos sinais para que
possamos em pequenos passos aceitar as mudanças que devemos experimentar e
acolher.
#36 Render-se às evidências
Ele
decidiu render-se às evidências, já havia lutado muitas vezes na sua vida
contra esta, tentando evitar o inevitável e em cada uma dessas situações acabou
por perder, mas só depois de muito sofrimento sentido na sua pele e infligido
nos envolvidos. Nada fica incólume quando se luta contra a vontade da vida,
pois na verdade esta só quer o melhor para nós, ela sabe o que é o melhor para
nós. Mas nem sempre vemos isso, pois não conhecemos o todo que é a nossa vida e
quando nos agarramos a pequenas partes da mesma estamos a criar barreiras.
#35 Tu decides
Mais
um dia como outro qualquer, nada de especial era suposto acontecer, no entanto,
nada mais ficaria igual. Era um daqueles momentos definidores da tua vida, que
mudam tudo, aquilo que tinhas como certo, como garantido deixa de o ser. E só
te restam duas alternativas, ou lutas para tentar que tudo permaneça igual, ou
então cedes às evidências e permitas que o novo se instale e te leve onde tens
de ir. É uma escolha que mais ninguém pode fazer por ti, os outros podem ter
muitas opiniões sobre o que é o melhor para ti, mas tu decides.
segunda-feira, 5 de outubro de 2015
#34 Aquele que observava não era ele
Olhando
para o ecrã vendo um reflexo das ideias que pululam na mente, sem saber
distinguir entre aquilo que é reflexo e o que é projetado.
Onde começa o real?
Interrogava-se. Existiria de verdade o real, ou era tudo ilusão? Resolveu
investigar, permaneceu estático, observando os pensamentos que surgiam em
catadupa. Mas desta vez não os seguia, apenas reparava como surgiam, acabavam
por partir.
Enquanto observava reparou que havia algo anterior ao que
observava. Aquele que observava também não era ele, pelo menos não era apenas
isso. Os pensamentos haviam já perdido a sua atenção, estava presente
mergulhado no silêncio.
#33 Amigos da Alma
O
mundo acabou neste momento.
Acabou para mim que deixei o mundo dos vivos. Na
verdade estou mais vivo agora do que alguma vez estive. Deixei as roupas
físicas, livre do peso das memórias limitadas que carregava.
Entendo agora que
todo o sofrimento resultou desse apego às ideias feitas, dessa necessidade de controlo
sobre tudo o que era a minha vida e quem dela fazia parte. Na verdade nunca
sofri apenas cria na estória desse sofrimento.
Estou grato a todos quantos me
fizeram sofrer, aprendi muito sobre quem sou através deles. Era esse o acordo
com esses amigos da alma.
#32 Opiniões
Não
sou bom o suficiente para ti, disse-lhe ele. É hora de te libertar das minhas
limitações e permitir que encontres a felicidade nos braços de alguém que te faça
feliz como mereces.
Ela respondeu, isso cabe a mim decidir se sou feliz contigo
ou não. Se há coisa que aprendi após estes anos todos ao teu lado é que a
felicidade nada tem a ver com as pessoas que nos rodeiam e que o maior
obstáculo a descobrir a felicidade são as opiniões que criamos sobre as outras
pessoas e o que achamos que é o melhor para elas.
#31 O brilho nos seus olhos
Ele
via nela a sua fragilidade aparente que os outros tomavam como fraqueza, mas
ele sabia que ela era a pessoa mais forte de toda a comunidade.
Saber ser
vulnerável está ao alcance apenas dos fortes.
Ter a capacidade de ver que o
mundo é imenso e sendo nós uma pequena gota desse imenso oceano da vida, de
nada serve remar contra a maré, tentando que os outros se comportem como
achamos que se devem comportar.
Ela sabia isso, por isso nunca lhe havia ouvido
critica alguma sobre quem quer que fosse. O brilho nos seus olhos eram uma
constante.
quinta-feira, 24 de setembro de 2015
#30 Mão controladora
Tentar
forçar a realidade para que seja distorcida a nosso favor, resulta na criação
de problemas que aprisionam o sentir. As barreiras castradoras da tua vida, são
criadas por ti, ainda que não tenhas consciência disso. De igual modo podes
quebrar essas barreiras, fazendo-as desmoronar e levantando do pó dos seus despojos, descobrir o prazer de ser como és. Baixar a mão controladora e abri-la
ao que cada momento te presenteia. Sentindo a paz que lateja no teu íntimo e que
pacientemente espera por ti, até que estejas preparada para dar asas ao amor
perene que és. Tudo passa agora.
#29 Tal como é
Confundir
a realidade com a experiência de viver, origina uma ilusão que é verdadeira para
quem nela está mergulhado. No entanto nada modifica o essencial. Podemos errar
centenas de vezes no desempenho do nosso papel de humanos, que a essência tudo
aceita e abraça no silêncio do seu existir. O erro é relevante no despertar
desse torpor limitador que embrulha a personalidade que acreditamos ser. Quando
o despertar se dá, o que surge não é uma transformação radical, mas apenas uma
paz do reconhecimento de que tudo é perfeito tal como é e que não poderia ser
de outro modo.
#28 Limitado nas suas escolhas
Olhar
ao espelho e estranhar aquele rosto, mirar sem ver os contornos de uma face que
personaliza uma história criada ao longo dos anos e que agora perdeu todo o
sentido que antes possuía. O olhar era o mesmo, por trás dos olhos que tudo
absorviam e no entanto esse olhar era testemunhado por essa presença constante e
silenciosa. No silêncio do existir está a essência que contempla sem manietar a
realidade dessa expressão limitada que é o ser humano. Nada é excluído ou
sequer preferido, tudo ocorre na essência. Aquele que excluí vive limitado nas
suas escolhas. Sendo aceite.
terça-feira, 15 de setembro de 2015
#27 Base das relações
Não
és tu sou eu. Esta é a típica frase daquele que se desconhece e procura no amor
romântico quem o complete, e faça feliz. Mas gosta de ir saltando de relação em
relação em busca desse amor idílico que tudo possa resolver. A boa notícia, e
que é a má também, é que esse amor ideal não existe. Podes estabelecer o maior
número de relações, mas enquanto não te comprometeres com a mais relevante
relação de todas, aquela que é a base e o cimento de todas as outras relações,
nada mudará. E essa relação é a de amor-próprio.
#26 Mirada
Os
olhos dele pararam nos dela e não queriam partir, nada mais interessava. Gostaria
de poder mergulhar naquele azul céu, ou seria paraíso. Terá cor o paraíso?
Questionava-se, se tiver cor, então é aquela a sua cor, de certeza. Ele tinha a
certeza que tinha nascido para chegar àquele momento, nada mais faria sentido
para lá disso. O tempo continuava em seu redor, menos no caminho daqueles
olhares. Não queria sair dali, temia que se desviasse a sua atenção, iria
despertar, de um qualquer sonho, mas ele não queria despertar. Apenas desejava
congelar aquele momento, aquela ligação para todo sempre.
#25 A vida chamou
Olhava
ao seu redor e parecia-lhe que todas as pessoas haviam encontrado o seu lugar,
o seu caminho e no entanto ele, continuava sem saber o que fazer. Tinha a
sensação de que era um falhado por comparação com aqueles de sua geração. Seria
impossível para ele encontrar o seu lugar, interrogava-se e ainda, será que não
há propósito algum para a sua existência. Dúvidas essas que o sobressaltavam e
preenchiam a sua atenção constantemente. Então levantou-se e continuou
caminhando, havia estado demasiado tempo caído nas bermas do mundo. A vida
chamava por ele, ainda não acabou o seu tempo.
terça-feira, 8 de setembro de 2015
#24 Sei isso agora
A
vida ao teu lado era perfeita. Sei isso agora, naquele tempo não o sabia. Devia
ter-te dado mais valor. Tu fizeste de mim uma melhor pessoa. Sei isso agora,
sim tivemos momentos difíceis. Mas mesmo nesses momentos tu soubeste sempre
tirar o melhor de mim. Fazias-me ver a realidade das coisas, puxavas-me para a
terra e com simplicidade tudo acabava por se resolver, mesmo que os resultados
não fossem os desejados eram os necessários, dizias tu. Sei isso agora, mas
então não quis saber, não o consegui perceber do mesmo modo que tu. A minha
arrogância levou a melhor.
#23 Cuida-te agora
Ela
preferia uma mentira em surdina que enfrentar a verdade dos factos. Não sabia
porque o fazia. Seria por amor ou por medo? De qualquer forma não estava
disposta a arriscar para conhecer a resposta. E então continuava fingindo que
não sabia que ele tinha umas “amigas” e procurava ocupar a sua mente apenas na
educação e cuidado dos filhos. Até quando seria isso possível? O tempo que
fosse necessário. Mal sabia ela que apenas se enganava a si própria. A falta de
amor-próprio que cultivava via-se refletido nas suas relações. Sempre foi assim
desde os primeiros namoricos. Cuida-te agora.
#22 Rotina
Era
mais um dia como outro qualquer que se iniciava. As mesmas rotinas vezes sem
conta. A única diferença era que eles mesmos já eram parte dessa rotina, a sua
relação era uma mera rotina. O espaço de partilha, o espaço de intimidade e
cumplicidade há muito havia dado lugar a outra coisa qualquer que não sabiam
explicar. E no entanto continuavam a fazer as mesmas tarefas como se isso os impedisse
de ver a realidade que era por demais evidente para cada um deles. Não havia
mal nenhum nisso, as relações evoluem e no entanto o amor continuava lá.
terça-feira, 1 de setembro de 2015
#21 Desistir de ser III
Alívio
era o que sentia, uma sensação de leveza. Mais do que leveza a melhor descrição
era ausência de peso. Era possível observar aquilo que antes considerava ser
quem era, essa personalidade com toda a sua história de vida. Tudo agora fazia
sentido, tudo encaixava perfeitamente, tal qual um puzzle bem calibrado. Nada
aconteceu fora do seu tempo, cada ação deu origem à ação seguinte e não poderia
ter sido diferente e como isso fazia sentido agora. Todas as frustrações, todo
o sofrimento sentido, não ocorreram em vão. Mas a sua vida enquanto ser humano
ainda não havia terminado. Presente.
#20 Desistir de ser II
Aquilo
que partiu foi a ideia de personalidade que ela cria ser e aquilo que ela temia
ser o fim, na verdade não era o fim de nada real. Apenas a ilusão de que algo
terminava se fez cessar. O Ser que ela era continuava a existir, mudando apenas
a amplitude da consciência que tinha de si. Deixando cair as barreiras erguidas
pelo medo, ela começava a olhar para si de verdade. O silêncio fazia-se ouvir
claramente, ele ocupava todo o espaço, até porque o espaço era apenas um conceito
de limite que não existia para lá da crença limitadora.
#19 Desistir de ser
A
vida até àquele momento tinha sido muito difícil para ela, tinha sido colocada
à prova inúmeras vezes e não aguentava mais, não podia continuar do mesmo modo.
Ela desistiu, prostrou-se em silêncio no centro do seu quarto e assim permaneceu
por tempo indeterminado. Simplesmente não queria mais saber, a agonia tinha
assomado nela e tudo era insuportável. Os meros pensamentos esventravam o seu
ser e assim não valia a pena continuar vivendo. Desistiu de qualquer vontade,
de qualquer desejo, não sabia mais o que fazer, o que dizer, para onde ir,
simplesmente não sabia. Sem noção do tempo, partiu.
sexta-feira, 28 de agosto de 2015
#18 Só os fortes choram
“Choro
para libertar as minhas emoções, não podem ser contidas dentro de mim. O choro
lava os sentidos e torna-os livres para o mundo. Sei que dizem que um homem não
chora. Se isso é verdade, então não sou um homem. Nem quero ser. Pois Ser algum
pode ser impedido de sentir, de expressar as suas emoções. Percebes o que te
digo.” “ Sim percebo-te e amo-te mais por isso. És muito homem e fazes de mim
uma mulher feliz por estar ao teu lado. Por ver que não tens medo de te mostrares
sem defesas. Só os fortes o fazem.”
#17 Fica comigo
“O
tempo foi criado para que eu possa cuidar de ti como mereces. Para que eu possa
amar cada pedaço teu, visível e invisível. Tu és o sentido da minha vida, foi
para isto que nasci, para te conhecer e poder amar. Acordar ao teu lado só é
igualado pelo adormecer ao teu lado. Sinto cada palavra que te digo e se achas
que exagero, digo-te que são pequenas para descreverem de verdade o que sinto. A
eternidade é insuficiente para te amar plenamente, tu és o universo no qual
gravito. Quero-me perder nos confins do teu existir. Fica comigo”
#16 Olho para ti
“Quando
olho para ti o tempo para. Mergulho nos teus olhos e deixo-me ir, leve e feliz.
Sou grato à vida por me ter dado o privilégio de te conhecer e ser
correspondido por ti. Posso morrer a qualquer momento, pois nada me pode tirar
o que me deste. As memórias foram criadas para celebrar o amor que sinto por
ti. Todos os momentos são pequenos para conter o que sinto por ti. Todos os
poetas do mundo seriam insuficientes para descrever a tua beleza, que é muito
mais que apenas física, ela é química, e todos os outros elementos. ”
quinta-feira, 27 de agosto de 2015
#15 Umbigo
“Tu
mudaste, não eras assim. Eras mais carinhoso, preocupavas-te comigo, agora nem
sequer olhas para mim.” Ele respondeu-lhe “fui eu que mudei ou foste tu que
mudaste? Se saíres do teu umbigo poderás ver de verdade as coisas como são.
Deixa de viver no teu mundo de fantasia e desce à Terra. A vida não é como tu
desejas que ela seja.” O silêncio tomou de assalto a sala. Mas os pensamentos fervilhavam
na cabeça dela, ‘como ele é capaz de me culpar, eu que tudo fiz por ele. É um
ingrato, eu fiz dele o homem que é hoje.’
#14 Sem perdão
Começar
de novo é sempre difícil, mas é ainda mais difícil quando se vive agarrado ao
passado. Quando os rancores são muitos e constituem uma bagagem pesada que se
carrega onde quer que se vá. O peso desse passado esmaga o presente, pois a
atenção está sempre centrada no que fizeram, no que poderia ter sido diferente,
mas não foi. Ela vivia os dias culpando-o por lhe ter roubado o amor, por lhe
ter roubado a vida. Ele era tudo para ela e no entanto escolheu outra, depois
de lhe ter levado os seus melhores anos. Ela não lhe perdoava.
#13 Amor doloroso
Ele
dizia “perdoa-me, não estava em mim. Sabes como te amo, prometo que isso não se
vai repetir”. Ela acabava por perdoar, por querer acreditar que tal não
voltaria a acontecer, até porque ele só fazia isso porque a amava, se ela lhe
fosse indiferente ele não lhe batia. Foi criada a acreditar que o amor é
doloroso, que por vezes trata-nos mal porque nos quer bem. E no entanto voltava
a acontecer e ela ia ficando, não sabia o que fazer, não conhecia mais nada,
ele era a sua vida, já fazia parte da sua identidade. Descansa em paz.
#12 Diz basta
Chega
um momento em que é tarde de mais, sabes que tens de agir, que tens de fazer
algo, pois não suportas mais, não podes tolerar mais ser espezinhada, ser
destratada, como se de um farrapo se tratasse. Tão ou mais que a violência
física, é a violência psicológica continuada, que mais te desgasta. Quanto mais
o permites, mais longe de ti estás, deixas de ser uma pessoa, passas a ser um
mero adereço que serve para ser jogado ao seu bel-prazer e tu começas a
acreditar que mereces isso, que fizeste algo de errado. É hora de dizer basta.
terça-feira, 25 de agosto de 2015
#11 Folha em branco
Se
a vida fossem só palavras ele seria o maior dos poetas, mas quando tocava a
lidar com as pessoas, aí as coisas tendiam a complicar-se para ele. Como que
perdia o jeito, não sabia como se comportar, onde colocar os braços, que
postura ter, o que dizer. Seria tão mais fácil se tudo fosse uma folha em
branco onde pudesse bailar a caneta distribuindo a tinta por forma a comunicar
os desejos, as emoções, os pensamentos secretos. Esse era o seu espaço natural
para se expressar. Mas a vida tinha outros planos, ele é a sua folha em branco.
#10 Escolho acreditar
“Prometo
honrar o nosso amor” disse-lhe ele, “cuidando de ti e da nossa relação. Não me
deixes cair no esquecimento e abandonado à tentação alheia.” “Quero muito
acreditar nas tuas palavras, elas são música para os meus ouvidos, mas já sofri
tanto por amor. Não sei se aguentaria mais uma desilusão.” Respondeu-lhe ela. “
Ao teu lado sinto-me completo, sei que sou melhor pessoa. Aconteça o que
acontecer, nada poderá mudar isso. Quero cavar as rugas da memória de uma vida
cheia ao teu lado.” Retribuiu ele. “Sei que és sincero quando dizes isso, sinto
que sim. Escolho acreditar” disse ela.
sexta-feira, 21 de agosto de 2015
#9 Caminhos
O
céu está azul, uma imensidão de azul e nada mais. Um vento suave faz-se audível
e sentir na pele. Pessoas caminhando, cada uma na sua direção, evitando chocar
umas com as outras, num bailado consentido e não ensaiado. Um movimento
incessante, uma pressa de chegar a qualquer lado, menos este aqui. E no entanto
é aqui que tudo se encontra, mas como estamos a pensar noutro lugar qualquer,
deixamos de reparar no aqui. Neste lugar o observador tudo vê, tudo sabe. O
silêncio aqui tudo permite, tudo abraça. Não importa por onde vás, todos os
caminhos levam até ele.
quinta-feira, 20 de agosto de 2015
#8 Amo isso
“Quero
que a vida congele neste momento, estando ao teu lado, tudo é perfeito, nada
mais necessito”. Assim pensava ele naquele momento e no entanto acabou, a
relação que tinham terminou. O amor é eterno enquanto dura. O segredo está em
desfrutar ao máximo de cada momento com desapego. Sabendo que o verdadeiro amor
não acaba nunca, ela reside em nós. Cada ser humano é puro amor, ainda que a maior
parte não saiba isso, e como tal procura fora de si uma ideia de amor que virá
sob a forma de outro ser humano. Que assim seja, amo isso.
#7 Serena
Percorrendo
o seu rosto com o olhar, as linhas da vida marcando o seu lugar, completando
uma serena beleza de quem está bem consigo mesma. Ela gosta de si como é. Aprendeu
a amar aquilo que antes considerava como defeito, aquilo que antes lhe a
impedia de viver plenamente, sempre pensando no que os outros diriam dela, do
modo como a veriam. Até que descobriu que nunca teve a ver com os outros, mas
apenas consigo mesma. Eram os seus julgamentos que a atormentavam, era a sua
insatisfação consigo que via projetado nas outras pessoas. No silêncio do Ser
reencontrou-se.
terça-feira, 18 de agosto de 2015
#6 Sozinha
Cansada
de procurar, cansada de viver como alguém insignificante, alguém invisível que
ninguém parecia reparar. Não fazia falta nenhuma. Que razão tinha para viver. A
sua falta não seria notada. Só queria um laivo de atenção, um gesto de amor.
Desistiu de tentar. Os dias sucediam-se uns aos outros, sempre iguais. Esqueceu
do que procurava. Entregou-se ao silêncio, deixou que este a preenche-se. E o
vazio acabou, afinal nunca este vazio. O silêncio sempre esteve lá, segurando a
sua mão, apenas o ruído interior a impedia de o sentir. Aquilo que procurava,
afinal era ela própria. Nunca mais esteve sozinha.
#5 Busca
Ela
só queria alguém que a ama-se, alguém que olha-se para ela com atenção e no
entanto esse alguém parecia não existir. Olhava para as outras mulheres ao seu
redor e via todas com os seus respetivos companheiros e uma tristeza inundava-a.
Dúvidas e mais dúvidas emergiam na sua mente. O que teria de errado? Seria
assim tão feia que ninguém a quisesse? Seria assim tão má pessoa que não
merecia ter alguém a seu lado? Apenas amor, era o que ela queria, nada mais.
Seria pedir muito? Onde quer que fosse estava sempre atenta a ver se o encontrava.
#4 O silêncio sabe
O
silêncio revela a verdade e todas as máscaras se desvanecem perante ele. O
silêncio é puro e está para lá de qualquer limitação, de qualquer ilusão. O
silêncio é anterior àquilo que chamas de vida e continua a existir para lá do
fim dessa mesma vida. Nele todas as estórias tem cabimento, nada é excluído,
mesmo isso que chamas de vida. Essa ideia de algo que tem início e que vai em
crescendo de rotina em rotina, até que termina. Onde cabes tu nessa estória.
Será só isso a razão do teu existir? Quem és tu? O silêncio sabe.
terça-feira, 11 de agosto de 2015
#3 Algo mais
Sentar,
fechar os olhos e meditar. Era o que ela queria fazer, era o que lhe diziam ser
o melhor para si, uma forma de resolver os seus problemas e andar mais calma.
Mas ela não queria andar mais calma, ela queria resolver a sua situação. Queria
dar um rumo à sua vida. Queria que esta tivesse significado. Estava farta de
ser apenas mais uma peça da engrenagem, fazendo o que era suposto fazer, o que
os outros diziam que era suposto fazer. No entanto onde cabia ela, onde estava
a razão do seu existir. Teria de haver algo mais.
terça-feira, 4 de agosto de 2015
#2 Vozes
“Não
vales nada, não mereces o ar que respiras. Sem ti o mundo seria melhor.” Impropérios
ecoando na sua mente, sem fim, um incessante massacre. Ela queria parar as
vozes, elas não lhe pertenciam. Mas tudo era difícil, não sabia como lidar com
tais vozes. Seriam elas reais ou apenas fruto da sua imaginação? Estaria ela a
ficar louca? Queria refugiar-se, queria encontrar um pouco de paz, mas não
tinha como escapar de si própria. Por onde fosse teria de carregar o peso
dessas vozes. Sem saber o que fazer desistiu. Deixou de lhes resistir,
observava apenas e depois o silêncio.
segunda-feira, 3 de agosto de 2015
#1 Cem estórias,cem palavras
#1
Sem palavras, sem estórias,
apenas a vida é real e não aquilo que pensas que é a tua vida. Livrando-te das
estórias que crês sobre ti e que alimentas através da tua atenção, descobres o
quão perfeita é a vida que acontece momento a momento. Tu és essa vida, em
plenitude, tudo existe em ti, nesse imenso espaço, berço das manifestações da
essência. Calcorreando as palavras que brotam na tua atenção, observando como
surgem e de igual modo, partem. Indo mais além, nada mais existe, senão o
silêncio. Silêncio perene envolvido em paz. Residência da essência que és, sem
mais.
* primeira de cem estórias com cem palavras
* primeira de cem estórias com cem palavras
quarta-feira, 29 de julho de 2015
Caminho
Uma porta que bate, fechando uma realidade até aí
conhecida.
Eras a minha vida.
Tudo girava em teu torno, o meu mundo pulsava em
ti.
E no entanto partiste.
Um clarão inundou a minha existência.
Amorfo, caminho
em busca de um rumo.
Nada faz mais sentido.
As forças abandonam-me aos cuidados
da vida.
Haverá mais vida em mim que mereça ser vivida?
Não sei, deixei de me
interessar.
Desisto de perceber, entregue à ilusão de te encontrar.
quarta-feira, 22 de julho de 2015
Laughter
Moment after moment life was passing by her and it was as nothing could be good enough, nothing could be pleasant enough. A sense of disquiet was ever present, but she had no conscious of it. She felted as something was missing and she turned toward relationships in order to fill that lacking. But sooner all ended the same way with her departing. No one understood her, she felted, even life was unfair with her. She only wanted to be happy, was that asking too much?
- Life is always unfair to the ones that are absent of them selves, this absence is reflected in their daily experience. The sense of lacking is a call for you to wake up, for you to remember who you really are.
This she heard from this guy she encountered at a workshop of personal development that a friend dragged her at. Those words stayed inside her head, She had to know more, she had to find answers to what she was feeling. How could she been absent of her life. Was this really possible?
She started to read as many books as she could, about spirituality, personal development. She surfed the net, watching videos of this, so called, gurus. Something was different in her, but this sensation of lack was still very present in her.
She was pilling hours of reading, workshops and practices, but the results were not satisfying. Something was missing still. Was she doing things wrong? Was she condemned to live a unfulfilled life? Those questions keep popping up.
Suddenly all stopped. Because she realized that what she thought she was, was just a story. A non stop story running in the screen of her life. She felted it clearly. And a laughter burst. After all nothing was wrong with her. This "her" wasn't real the way she thought it was before. More laughter.
Then silence took place. This quiet peace filled her and all around her. So simple life is without someone to complicate it. Even that is okay.
segunda-feira, 20 de julho de 2015
Ideas floating in this realm of love
Passing by my life without knowing it, thinking about what I wished it to be and meanwhile it doesn't stop. Life is a continuum, it has no beginning and no end. Only ideas have beginning and end. I realize that when suddenly I was shaken by reality. What I had as granted ended. A job for life, was no more. My second half parted away. Immersed in thoughts, looking for answers. Trying to understand, trying to make sense out of my situation. It was overwhelming, no way out seemed possible. Then I gave up. Living, like that, was no more an option. But I hadn't the courage to put an end to life. Instead life ended me. The idea of me, anyway. I felted it clearly. It was all an illusion. Reality is as it is, but I wasn't living it. I was living the story of me, this character, a thinking being, believing that was a victim. That no one understood. It became clear then and all faded away.Only silence was there. Unlimited silence. Observing. Being present. It is okay. Life continued, including this character, this body, but without all the whining. Life presented itself as it is, simple, flowing. I was it. I am it. No worries now. I have all the time of the world. Challenges keep coming. Sadness arise sometimes, love it. Happy moments arise sometimes, love it. People liking me, love it. People criticizing me, love it. What is in there not to love. Still much brutality in the world, it is not part of my daily experience, but love is always the answer. Expanding love, elevating the frequency of love, is a great contribute to help others do the same. All just ideas floating in this realm of love, of pure love.
sexta-feira, 17 de julho de 2015
Vou por onde a vida me levar
Caminhar pelas calçadas da vida ao teu lado tornou tudo mais simples. Ensinaste-me a conhecer quem sou.
Levaste-me aos limites.
Por vezes não te entendi, por vezes discordei de ti e não te vi como tu eras de verdade.
Estava fixado na ideia que tinha criado de ti.
Dei-te por adquirida.
Não te disse vezes, o suficiente, o quanto sentia por ti.
Sei que agora é tarde. Não me ouves mais.
Terás sempre mais valor do que eu.
Eras a melhor parte do meu mundo. Como eu sei isso agora. Mas, sabes quero te dizer que mudei.
Em vez de me amargurar com a tua ausência, prefiro celebrar o privilégio de ter vivido contigo.
Recordar os bons momentos e como isso me fez mais humano, mais homem para desfrutar da vida.
Estou em paz comigo mesmo, posso partir a qualquer momento.
Vou por onde a vida me levar.
Levaste-me aos limites.
Por vezes não te entendi, por vezes discordei de ti e não te vi como tu eras de verdade.
Estava fixado na ideia que tinha criado de ti.
Dei-te por adquirida.
Não te disse vezes, o suficiente, o quanto sentia por ti.
Sei que agora é tarde. Não me ouves mais.
Terás sempre mais valor do que eu.
Eras a melhor parte do meu mundo. Como eu sei isso agora. Mas, sabes quero te dizer que mudei.
Em vez de me amargurar com a tua ausência, prefiro celebrar o privilégio de ter vivido contigo.
Recordar os bons momentos e como isso me fez mais humano, mais homem para desfrutar da vida.
Estou em paz comigo mesmo, posso partir a qualquer momento.
Vou por onde a vida me levar.
terça-feira, 7 de julho de 2015
Semeando pedaços de ti
O passado é apenas uma história contada no presente.
Entregues ao passado significa uma presença ausente da vida que és e que é vivida sempre no momento presente, no agora.
Cada vez que pensas sobre o passado, na verdade é apenas uma história criada no presente
sobre esse passado,
história essa que é sempre diferente cada vez que a crias.
Serve o passado como uma história de aprendizagem
para melhor desfrutar do presente
Se te apegas demasiado a essa história,
se deixas que ela limite a tua visão
perdes a beleza imensa do existir
a contemplação da barreira invisível
que te aparenta separar de tudo o resto.
O murmúrio do passado deixa apenas saudade,
saudade essa, mas da vida que deixas de viver
no presente,
mergulhado numa história de um momento
que não pode ser vivido
deixando de viver o pleno disponível
para amar quem és
amar a vida
olhar o possível
celebrar os sorrisos
embalar as lágrimas
partilhar o que és, semeando pedaços de ti,
nas vidas daqueles que te rodeiam.
Entregues ao passado significa uma presença ausente da vida que és e que é vivida sempre no momento presente, no agora.
Cada vez que pensas sobre o passado, na verdade é apenas uma história criada no presente
sobre esse passado,
história essa que é sempre diferente cada vez que a crias.
Serve o passado como uma história de aprendizagem
para melhor desfrutar do presente
Se te apegas demasiado a essa história,
se deixas que ela limite a tua visão
perdes a beleza imensa do existir
a contemplação da barreira invisível
que te aparenta separar de tudo o resto.
O murmúrio do passado deixa apenas saudade,
saudade essa, mas da vida que deixas de viver
no presente,
mergulhado numa história de um momento
que não pode ser vivido
deixando de viver o pleno disponível
para amar quem és
amar a vida
olhar o possível
celebrar os sorrisos
embalar as lágrimas
partilhar o que és, semeando pedaços de ti,
nas vidas daqueles que te rodeiam.
quarta-feira, 1 de julho de 2015
O que sinto por ti
O que sinto por ti não pode ser definido pelo amor.
Esse conceito está limitado pela dor, está limitado pelo corpo.
O que sinto por ti transborda a ideia de mim e a ideia de ti.
O que sinto por ti não pode ser contido no tempo.
A ideia de amor exige do outro aquilo que ele não pode dar e eu de ti nada quero,
o simples facto de existires, completa a minha ideia de felicidade.
Estou realizado, foi para isso que nasci, para experienciar do lado de fora tal sensação.
Este fora que é dentro do existir, pois este é o somatório de pequenos nadas, de pequenos existires convivendo uns com os outros.
Essa ideia de amor romântico é mera distração, uma ilusão do tempo,
para que o tempo te possa contemplar.
O verdadeiro amor permite que fiquemos nus da personalidade,
livres de máscaras, e sermos apenas quem somos.
Sem exigências, sem cedências,
perdidos nos braços do existir,
baloiçando levemente na eternidade.
O que sinto por ti
é vida sendo vivida intensamente
contida toda neste instante perene.
Esse conceito está limitado pela dor, está limitado pelo corpo.
O que sinto por ti transborda a ideia de mim e a ideia de ti.
O que sinto por ti não pode ser contido no tempo.
A ideia de amor exige do outro aquilo que ele não pode dar e eu de ti nada quero,
o simples facto de existires, completa a minha ideia de felicidade.
Estou realizado, foi para isso que nasci, para experienciar do lado de fora tal sensação.
Este fora que é dentro do existir, pois este é o somatório de pequenos nadas, de pequenos existires convivendo uns com os outros.
Essa ideia de amor romântico é mera distração, uma ilusão do tempo,
para que o tempo te possa contemplar.
O verdadeiro amor permite que fiquemos nus da personalidade,
livres de máscaras, e sermos apenas quem somos.
Sem exigências, sem cedências,
perdidos nos braços do existir,
baloiçando levemente na eternidade.
O que sinto por ti
é vida sendo vivida intensamente
contida toda neste instante perene.
sexta-feira, 12 de junho de 2015
Descanso no puro amor
Nada sou
imerso numa infinidade de possibilidades
diluído num fluído de amor.
essência perfeita
contendo todas as manifestações.
todas as ideias, todas as histórias
caminhando lado a lado com a plenitude
Só descolando das histórias
posso relembrar quem sou
para lá da ideia de quem sou
Descanso em paz
descanso no puro amor
sou o que sou
livre de questões
encontro-me
encontro-te
nada nos separa
Silêncio
observo
A observação acontece
sem observador
está muito além
Tudo incluído
nesse imenso nada
pois não tem definição
o que se define fica limitado
a essência não tem limites
Palavras
apenas, palavras
imerso numa infinidade de possibilidades
diluído num fluído de amor.
essência perfeita
contendo todas as manifestações.
todas as ideias, todas as histórias
caminhando lado a lado com a plenitude
Só descolando das histórias
posso relembrar quem sou
para lá da ideia de quem sou
Descanso em paz
descanso no puro amor
sou o que sou
livre de questões
encontro-me
encontro-te
nada nos separa
Silêncio
observo
A observação acontece
sem observador
está muito além
Tudo incluído
nesse imenso nada
pois não tem definição
o que se define fica limitado
a essência não tem limites
Palavras
apenas, palavras
terça-feira, 2 de junho de 2015
Ninguém
Grão na engrenagem de existir
essa história inacabada de alguém que pensa estar vivo
uma ideia imperfeita ocorrendo na perfeição da essência
dia-a-dia caminhando nos limites dessa ilusão,
de um ser pensante que passa pela vida
como sendo algo exterior
como sendo algo que vive apartado
perene procura de si próprio
sempre indo mais longe,
sempre se afastando mais
de onde nunca partiu
O ponto de partida
é o ponto de chegada
Ser perfeito, feito de simplicidade
neste momento único de existir
que é agora
Nada mais há
nem precisa de haver
aqui cabe tudo, cabe o todo
A vida sendo vivida sem ninguém para a viver
essa história inacabada de alguém que pensa estar vivo
uma ideia imperfeita ocorrendo na perfeição da essência
dia-a-dia caminhando nos limites dessa ilusão,
de um ser pensante que passa pela vida
como sendo algo exterior
como sendo algo que vive apartado
perene procura de si próprio
sempre indo mais longe,
sempre se afastando mais
de onde nunca partiu
O ponto de partida
é o ponto de chegada
Ser perfeito, feito de simplicidade
neste momento único de existir
que é agora
Nada mais há
nem precisa de haver
aqui cabe tudo, cabe o todo
A vida sendo vivida sem ninguém para a viver
terça-feira, 19 de maio de 2015
Vagueando
Este momento é vazio de ideias
apenas o observar está presente
conceitos surgem e partem
personalidade inventada
de uma estória de vida.
Palavras vagueando na mente
vagueando no ar
o vazio de existir
quando cremos nos limites do visível
erro de pensar que erra
no presente o erro não existe
o erro é apenas uma interpretação do passado.
Dançando a vida nos caminhos
tidos, como perdidos
e no entanto, vive
A vida é tudo o que somos
nada mais existe,
por muitas ilusões que se criem,
ilusão continua sendo ilusão
aos olhos da essência.
apenas o observar está presente
conceitos surgem e partem
personalidade inventada
de uma estória de vida.
Palavras vagueando na mente
vagueando no ar
o vazio de existir
quando cremos nos limites do visível
erro de pensar que erra
no presente o erro não existe
o erro é apenas uma interpretação do passado.
Dançando a vida nos caminhos
tidos, como perdidos
e no entanto, vive
A vida é tudo o que somos
nada mais existe,
por muitas ilusões que se criem,
ilusão continua sendo ilusão
aos olhos da essência.
quarta-feira, 22 de abril de 2015
Pleno de amor caminho
Em cada momento estás sempre presente
perdido por ai, caminhava, procurando
não sei bem o quê
pensando que quando te encontrasse saberia
No entanto foste tu que me encontraste,
pois eu já havia desistido de procurar
Queria muito ser como tu
e o mais engraçado
é que não existe um tu ou um eu
Apenas vida, apenas amor
e isso é tudo
nada mais há para lá disso.
Amo-te assim como és
na verdade, és tu que me amas como sou.
O amor mostra quem somos de verdade,
ele é quem somos de verdade,
nada fica de fora
cuido de ti para que me leves contigo
viajando por ai ao sabor do momento.
Obrigado vida por me mostrares quem sou
caminhando lado a lado, relembrando que nunca estive ausente
apenas uma ideia de ausência
iludia a minha mente
olhando para ela descobri a ilusão
e ela cessou.
Pleno de amor caminho,
sendo os passos
sendo o caminho
sendo aquilo que observa.
Puro silêncio vagueando pelo vento.
perdido por ai, caminhava, procurando
não sei bem o quê
pensando que quando te encontrasse saberia
No entanto foste tu que me encontraste,
pois eu já havia desistido de procurar
Queria muito ser como tu
e o mais engraçado
é que não existe um tu ou um eu
Apenas vida, apenas amor
e isso é tudo
nada mais há para lá disso.
Amo-te assim como és
na verdade, és tu que me amas como sou.
O amor mostra quem somos de verdade,
ele é quem somos de verdade,
nada fica de fora
cuido de ti para que me leves contigo
viajando por ai ao sabor do momento.
Obrigado vida por me mostrares quem sou
caminhando lado a lado, relembrando que nunca estive ausente
apenas uma ideia de ausência
iludia a minha mente
olhando para ela descobri a ilusão
e ela cessou.
Pleno de amor caminho,
sendo os passos
sendo o caminho
sendo aquilo que observa.
Puro silêncio vagueando pelo vento.
sábado, 11 de abril de 2015
Não importa como a vida me trata
Não importa como a vida me trata
não quero saber dela,
deixo-a caminhar só,
neste pedaço de mim.
Observando aquilo que se manifesta
descubro que não tenho limites,
eu sou cada pedaço dessa vida,
nada nela, está longe de mim,
nada nela, me define ou limita.
Não importa como a vida me trata,
porque ela sou eu, também.
Essa vida que me trata mal, afinal
não é a vida, é apenas uma estória,
por vezes mal contada,
por vezes bem encaminhada,
ao sabor do momento
até que fazemos pausa
e a olhamos de frente
olhos nos olhos
Não importa como a vida me trata
tudo está bem, assim como é
A Vida verdadeira cuida de mim
e essa não pode ser definida
nem sequer se chama Vida
ela não tem nome
ela não tem lugar para acontecer
ou tempo de validade,
ela não conhece ponto final
apenas uma virgula
pois tem sempre mais
,
não quero saber dela,
deixo-a caminhar só,
neste pedaço de mim.
Observando aquilo que se manifesta
descubro que não tenho limites,
eu sou cada pedaço dessa vida,
nada nela, está longe de mim,
nada nela, me define ou limita.
Não importa como a vida me trata,
porque ela sou eu, também.
Essa vida que me trata mal, afinal
não é a vida, é apenas uma estória,
por vezes mal contada,
por vezes bem encaminhada,
ao sabor do momento
até que fazemos pausa
e a olhamos de frente
olhos nos olhos
Não importa como a vida me trata
tudo está bem, assim como é
A Vida verdadeira cuida de mim
e essa não pode ser definida
nem sequer se chama Vida
ela não tem nome
ela não tem lugar para acontecer
ou tempo de validade,
ela não conhece ponto final
apenas uma virgula
pois tem sempre mais
,
sábado, 28 de março de 2015
domingo, 22 de março de 2015
Nutrido em amor
Folha levada pelo vento
Um corpo frágil mergulhado na noite sem fim
A vida flui,
no espaço das ideas, ela continua presente
Tudo envolto em amor, puro amor.
Amor esse, que é muito mais do que se acredita que o amor é.
As regras não limitam o amor,
Este não é exigente, ele não necessita de nada mais,
Só se nota a presença do amor, quando deixamos de o procurar
No silêncio da quietude
Relembras quem és
Tu és amor
Como é bom descobrir o quão livre
Te encontras quando deixas de complicar
Primavera da vida, sucedendo ao inverno da solidão.
Caloroso encontro com a plenitude do Ser.
Amoroso agora
Nutrido em amor.
Um corpo frágil mergulhado na noite sem fim
A vida flui,
no espaço das ideas, ela continua presente
Tudo envolto em amor, puro amor.
Amor esse, que é muito mais do que se acredita que o amor é.
As regras não limitam o amor,
Este não é exigente, ele não necessita de nada mais,
Só se nota a presença do amor, quando deixamos de o procurar
No silêncio da quietude
Relembras quem és
Tu és amor
Como é bom descobrir o quão livre
Te encontras quando deixas de complicar
Primavera da vida, sucedendo ao inverno da solidão.
Caloroso encontro com a plenitude do Ser.
Amoroso agora
Nutrido em amor.
sexta-feira, 16 de janeiro de 2015
O corpo que carregas está quente
O corpo que carregas está quente
é a vida que pulsa em ti
não a desperdices
procurando esfriar as sensações
as emoções.
O leve bater do coração
acaricia o teu peito
O corpo que carregas está quente
ele embala as tuas ideias
os teus sonhos
Mas tu és maior que os teus sonhos
nenhum sonho é grande o suficiente para te limitar
O corpo que carregas está quente
és tu que o aquece
é o teu amor que lhe dá ninho
Nutres um amor incondicional
que cuida de cada pedaço teu
Tu és o mundo
Tu és a vida
O corpo que carregas está quente
deixa-o estar
ele é belo como é
e essa beleza não se vê
ela sente-se por dentro.
é a vida que pulsa em ti
não a desperdices
procurando esfriar as sensações
as emoções.
O leve bater do coração
acaricia o teu peito
O corpo que carregas está quente
ele embala as tuas ideias
os teus sonhos
Mas tu és maior que os teus sonhos
nenhum sonho é grande o suficiente para te limitar
O corpo que carregas está quente
és tu que o aquece
é o teu amor que lhe dá ninho
Nutres um amor incondicional
que cuida de cada pedaço teu
Tu és o mundo
Tu és a vida
O corpo que carregas está quente
deixa-o estar
ele é belo como é
e essa beleza não se vê
ela sente-se por dentro.
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