Mudar é um desejo latente na maior parte dos seres humanos, há como que uma insatisfação permanente com aquilo que são, com aquela que é a sua situação e como tal, desejam mudar. O grande paradoxo é que é precisamente este desejo de mudança que nos impede de mudar, porque verdadeiramente nada há a mudar, tudo é perfeito assim como é. Só que a maior parte de nós, para não dizer a totalidade, não se conhece de verdade e isso ocorre porque não estamos presentes para a vida que acontece agora, vivemos focados ora no passado, ora no futuro, sendo este uma mera projeção do passado; o presente é meramente um período de transição entre os dois, servindo para recordar ou ansiar, mas raramente para estar. Só ilusoriamente julgamos viver no presente, aquilo que está presente é o corpo, mas este é apenas um instrumento de aprendizagem e comunicação da mente. Se aquilo que vos trouxe aqui é a vontade de simplificar a vossa vida isso ocorre automaticamente quando estiverem presentes por inteiro no agora, aceitando aquilo que é, pelo que é, sem se deixarem limitar pelos julgamentos e apreciações do que acham que deveria de ser. Foi desta forma que o Ricardo se expressou perante aquele grupo, sabendo ele que na verdade nada há a ensinar, que nunca ensinamos nada aos outros, apenas o fazemos a nós mesmos, aquilo que dizemos e pensamos sobre as outras pessoas dizem apenas sobre aquilo que somos, sobre as ideias que temos sobre quem somos, o modo como nos vemos, ainda que alguns aspetos sejam inconscientes para nós. É por isso que a vida que somos, escolhe manifestar na nossa realidade esses conceitos, essas ideias inconscientes sobre o que somos, através de tudo aquilo que não gostamos, através das pessoas que não gostamos. São essas coisas que mexem connosco que servem de bússola ás profundezas do inconsciente e fazem com que surja à superfície, aquilo que atiramos para a sombra, para os confins do nosso existir. Mas é só lidando como a escuridão, levando lá a nossa luz, que se iluminará em pleno a nossa essência. O Ricardo sabe que só quando aceitou lidar de frente com aquilo que lhe desagradava, com aquilo que o corroía, correndo o risco de entrar no desconhecido e fazendo despertar coisas em si que desconhecia que existiam; só entrando nesse processo a fundo vivendo em pleno a dor que tinha de viver, abraçando essa dor, só assim a conseguiu suplantar.Tendo no entanto a plena consciência que ainda havia trabalho a fazer para que se desvanecessem todas as ilusões e apenas a verdade da sua essência se manifestasse.
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