Verdadeiramente pedimos muito à vida, exigimos que ela seja aquilo que achamos que ela deveria de ser, só que aquilo que achamos que ela deveria de ser nunca é o suficiente, não é satisfatório, pois de cada vez que alcançamos algo que julgávamos ser o ideal para nós, um novo ideal nasce; num processo sem fim, sem descanso, vamos passando pela vida, sem a viver de verdade. Mas a vida não desiste de nós, ela cuida sempre de nós e dá-nos em cada momento aquilo que é necessário para despertarmos desse sonho ilusório, para quebrar esse piloto automático que nos acostumamos a chamar de vida, mas que no entanto é uma mera representação de um conjunto de ideia limitadas sobre o que somos realmente. Aquilo que nos leva a despertar da ilusão são os abanões que a vida nos dá, ela chama por nós e diz-nos acorda, abre os olhos e vê, realmente vê, sente aqui e agora a tua essência. E a Sara é um exemplo disso, é chegada a hora de ela fazer uma pausa do turbilhão da vida que ela tinha como sendo a sua e se voltar para si por forma a se encontrar. Ela tem andando perdida nas suas ideias, perdida nos seus relacionamentos sem se dar a oportunidade de se conhecer de verdade. Ela entregava-se totalmente ao outro, desaparecia na relação procurando agradar, procurando sempre ajudar o outro, só assim fazia sentido para ela e no entanto tudo acabava era relegada a si mesma, deixada para trás, como que num ciclo incessante do mesmo episódio sendo revivido vezes sem conta. Desta vez tinha sido diferente, era ela que escolhia partir, que escolhia se antecipar ao seu destino, ainda que cheia de duvidas, cheia de incertezas, mas disposta a saber mais, disposta a conhecer quem era de verdade, e qual o seu papel neste mundo. A vida tem de ter um sentido, pensava a Sara e ela partiria à sua descoberta, já tivera a sua dose de sofrimento, mas agora queria se colocar em primeiro lugar.
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