Chega, por mim chega, não permito que leves mais pedaços de mim. Ergo o que resta em mim e vou-me embora, parto ao encontro da felicidade, ao encontro daquilo que mereço. Mereço mais do que me tens dado, mereço mais do que apenas estar aqui para ti, sem nada receber em troca. Por mim é definitivo, quero ser livre, quero viver a vida e respirar ar puro, até aqui apenas respiro o teu ar, apenas vivo a tua vida; não quero mais isso, vou à procura da minha vida, vou procurar completar os pedaços que arrancaste de mim, o tempo suspenso de mim vivido em função de ti. Por isso adeus. E saiu batendo a porta esperando que esta fechasse um capitulo da sua vida que não queria que se repetisse mais, esperando que a dor que pesava no seu peito não a impedisse de caminhar para longe, para bem longe desta vida que não via mais como sendo a sua, carregava ainda o peso de todas as memórias construídas a dois, mas que para ela agora pareciam apenas memórias de uma vida construída desempenhando um papel secundário, sempre vivida em função do outro que julgava ser o seu amor eterno, daquele que um dia jurou amá-la para sempre e que ela escolheu acreditar com toda a vontade e desejo ardente. Decidida a cuidar da sua dor, sem deixar que esta a arrastasse para o fundo da existência, sofria muito, sim, a dor não dava descanso a nenhum recanto do seu ser e no entanto, ela escolhia seguir em frente, fosse isso o que fosse. Poderia até não encontrar a vida que merecia, mas pelo menos seria vivida na primeira pessoa, seria a sua vida e não a sombra da vida de outro alguém.
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