A pulsação estava acelerada, os pensamentos eram incessantes, tudo lhe oprimia, tudo sufocava. Não sabia quanto tempo mais poderia aguentar. As soluções pareciam ser inexistentes, achava-se a pessoa mais infeliz do mundo. Ao seu redor todos pareciam saber o que faziam, pareciam ter algo para contribuir para o mundo, ter um propósito. Ela achava-se inútil, achava que ninguém precisaria dela, que era insignificante.
Os outros da sua geração pareciam ter tudo organizado, tudo encaminhado, famílias criadas, estabilidade profissional e ela parecia-lhe que ainda estava na linha de partida de uma corrida que havia começado muito tempo atrás.
O que poderia fazer para que algo mudasse? O que poderia fazer para ser notada?
Ela achava por vezes que era invisível aos olhos do mundo, como que a sua vida pairasse no ar sem nunca tocar o chão que todos os demais pisavam.
Sempre achou que o seu "príncipe" encantado surgiria e a salvaria, dando-lhe um propósito para viver, dando-lhe significado aos seus dias, mas por uma razão ou outra, tal pessoa nunca surgiu na sua vida, continuava só. Tinha-se como única companhia e por vezes sentia-se mal acompanhada. Era doloroso estar na sua pele, era muito desconfortável.
Decidiu que bastava, tinha que ir ao fundo da questão ao encontro das respostas que necessitava e começou a cuidar mais de si, começou a notar mais nos seus sentimentos, nas sensações que o seu corpo manifestava, começou a ouvir mais a sua intuição. Passou a ler mais, desde romances a livros de desenvolvimento pessoal.
Encetara uma viagem de descoberta pessoal, acreditava que desse modo as mudanças que desejava poderiam ocorrer. E a realidade veio dar-lhe provas disso mesmo à medida que se foi tornando mais consciente de quem era, respeitando a sua natureza humana e os ritmos do seu corpo, começou a receber sinais da vida que lhe ajudavam a estar mais presente, que lhe permitiam desfrutar mais de cada momento e mais em paz consigo mesmo e isso notava-se na sua realidade.
Quanto mais amava a pessoa que era mais sinais de amor surgiam na sua vida, o comportamento dos outros junto dela pareciam-lhe diferentes, sentia agora que era notada, que finalmente pisava o mesmo chão que os demais, que podia fazer algo de significativo sempre que respeitasse a sua natureza, a sua essência e assim continuou a aventura que é viver, livre de expectativas e aceitando o que a vida a presenteava em cada momento.
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