sexta-feira, 28 de março de 2014

#64 Reflexo

A Sara estava empenhada em deixar de bloquear, de sabotar a vida que ocorria em si e para si. 
O seu nível de consciência atual permitia observar a sua realidade cada vez mais de uma forma mais desapegada daquilo que acontece momento a momento. Isto não significava que ela estivesse sempre em paz e aceitasse totalmente tudo o que acontecia, a verdadeira diferença estava na rapidez com que ela se permitia estar ciente das reações que se faziam manifestar quer no seu corpo, quer na mente.  Ao estar ciente dessas reações, ela tornava-se no seu observador e isso permitia que soubesse responder de um ponto de vista mais alargado aos acontecimentos e com respostas diferentes das que antes de ter iniciado este processo de autoconhecimento teria.
Nas situações que anteriormente a fariam perder a paciência, despoletar verdadeiros ataques de nervos, muitos dos quais eram amortecidos interiormente, sem os exteriorizar e que se iam acumulando dentro dela. Agora esse mesmo tipo de situações já não colocavam em causa quem ela era, mas apenas eram vistos como acontecimentos que ela teria de lidar no momento em que ocorriam e que ela tinha em si os recursos para lidar com eles.
Cada dia carregava momentos de novas descobertas, oportunidades de ver as coisas como que pela primeira vez. Na verdade era isso mesmo, pois os olhos que percecionavam a realidade eram diferentes dos que antes haviam visto tais locais, tais pessoas. Ao mudar a forma como se olham as coisas, as pessoas, isso fará com que essas coisas e pessoas mudem para quem as está a olhar. 
Com esta nova visão da realidade a Sara foi permitindo que as mudanças se fossem dando na sua vida, de um modo gradual, sem grandes acontecimentos de revelação, ou cheios de efeitos especiais como ela imaginava que teriam de ser as grandes mudanças de vida. Era isso que ela, antes desta nova consciência, esperava para a sua vida. Grandes acontecimentos que mudassem radicalmente a sua vida para muito melhor. Ela sabia agora que nada disso era necessário, pelo menos no seu caso, as pequenas mudanças que iam acontecendo, algumas muito subtis, na verdade haviam revolucionado a sua vida, a sua vida interior e como isso se notava também de muitas formas na sua realidade externa.
No desenrolar do tempo a sua vida passou por ajudar outras pessoas a se encontrarem consigo mesmas, a encetarem processos como o que ela encetara, sendo o seu exemplo uma referencia que ela usava como incentivo e espoleta das mudanças nas pessoas que a procuravam. 
A Sara passou também a colaborar com o Ricardo em alguns dos seus eventos, ela continuava a tê-lo como uma guru que a ajudava a centrar-se, a não se desviar do momento presente quando as dúvidas surgiam, pois de tempo a tempo elas surgem como teste à sua vontade e persistência.

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